domingo, junho 17, 2012

O Tribunal Foi-se! O resto ira a seguir?!

O actual Tribunal de Fornos de Algodres. (em frente um monumento a "Justiça", que passara a ser uma incongruência!)
Há coisas que se antevêem, muito tempo antes de acontecerem, e a extinção do tribunal de Fornos de Algodres já se previa há muito, só os líricos e que ainda podiam pensar na sua manutenção!
Foi com grande alegria que assisti a restauração da comarca de Fornos, no longínquo Maio de 1978.
Nessa altura ainda éramos uma concelho povoado e, embora houvesse emigração (sempre a houve) parecia que o nosso município ia sair da estagnação em que viveu durante muito tempo!
Mais esperança tive num verdadeiro desenvolvimento, quando se iniciaram as primeiras fabricas na "zona industrial", quando se construiu o IP5, ali junto a nos, quando a nossa estacao estava cheia de gente e se despachavam enormes quantidades de produtos e, quando a vila comprimida entre terrenos de meia dúzia, finalmente se começou a expandir, no que ficou ate hoje conhecido por "zona sul", e "bairro das capelas"!
Entretanto houve muito progresso de betão e alcatrão, iluminaram-se as quintas que hoje não tem ninguém, (ou quase) construíram-se estradas e caminhos por todo o lado, as vilas e as povoacoes começaram a ficar mais bonitas e maiores, fizeram-se obras de saneamento e águas a servir todas as aldeias etc, etc, etc.
Mas o que se pensava que ia ser o motor de desenvolvimento, (a zona industrial) só deu vigaristas e ladroes, a agricultura e o queijo da serra, foram áreas praticamente abandonadas, porque as novas geracoes o que queriam, era um qualquer diploma e um trabalho de secretaria, (ainda gostava de saber, como e que noutras terras estas coisas continuam a dar!) Então sem trabalhos, com a excepção quase única, da câmara e das instituicoes sociais, aos poucos uma grande maioria foi-se indo.
De dez em dez anos, os números dos censos, eram cada vez mais deprimentes, eu olhava de longe, e pensava para mim; esta tendência vai ser invertida no próximo censo!
E pensava, porque via: Um Novo Tribunal e casas para os magistrados; (que nunca serviram!) novos quartéis de Bombeiros e da GNR; um novo mercado municipal; (que quase só serve para ser o nosso salão de festas) uma nova e mais tarde acrescentada, escola elementar e secundaria; um pavilhão desportivo e uma piscina; (que ficou pela primeira fase) um novo e relvado estádio municipal e, novas avenidas (uma delas desnecessária) Um novo centro de saúde e um centro de actividades para deficientes. Ao fim de muitos anos (demais ate, penso eu) requalificou-se o antigo hospital e lar da Misericordia, construiu-se um outro lar (obra de privados) e casas e prédios novos um pouco por todo lado!
Mas a tendência não se alterava, as pessoas por falta de trabalho, iam embora umas atrás das outras, nem os funcionários municipais e de serviços, (alguns ate nossos conterrâneos) por cá ficavam!
E então e como os números são terríveis, o censo do ano passado veio revelar-me a maior tristeza de sempre; um concelho que já teve quase 11 mil habitantes, apresentou 4 mil  novecentos e tal (esse tal creio que já se foi, pelas noticias de falecimentos que tenho tido!)
E por isso que constato, que o Tribunal, edifício moderno e construído há pouco mais de meia dúzia de anos, vai ser extinto e voltamos a ter a sina, de resolver os nossos problemas de justiça, em Celorico da Beira.
O da Meda, Foz Coa e Sabugal, que também vão ser extintos, ainda conseguiram um balcão de justiça, com atendimento e possíveis audiências, nos nem isso, pois, quem se preocupa com 4000 e tal pessoas, que teriam pouco mais de 2000 votos!
O que faz uma terra grande são as pessoas, não são as obras nem os edifícios e, esta e a razão porque estamos cada vez mais pequenos, ate nos extinguir-mos definitivamente! (D*us não permita)
Há muitos anos que ando a dizer, "...que a nova A25, só tem servido para daqui irmos embora mais depressa..."!

2 comentários:

aluap disse...

Quanto eu concordo consigo!Uma terra faz-se essencialmente de pessoas.
Construiu-se sem parar estradas e auto-estradas, centros de saúde, tribunais, escolas e tudo o mais; as aldeias e vilas, sobretudo as vilas, hoje estão dotadas de infra-estruturas, o problema é que enquanto as nossas aldeias e vilas ficavam mais bonitinhas, a cada 10 anos o número de habitantes, famílias, descia!
Agora a reorganização territorial está em cima da mesa, e se pelo menos os nossos políticos locais tivessem vontade, alguma coisa era ainda possível de mudar no que respeita aos municípios pequenos, mas como não a têm, nem nunca tiveram, acredito que nada vão fazer para contrariar este triste destino.

Um abraço

Idanhense sonhadora disse...

O despovoamento do interior parece ser algo que não interessa a governos e que também creio , não preocupar a alguns dos mais novos que andam "perdidos por terras alfacinhas ou de beira -mar "....Afinal parece estarmos a voltar ao" Portugal é Lisboa e o resto é paisagem "."Aflige-me " pensar que em tempos futuros todo o interior pode ser assim como que um grande estaleiro arqueológico onde se procuram vestígios do passado !Por outro lado quero ainda acreditar que a agricultura fará regressar , dada a conjuntura , muitos jovens às terras de pais e avós...Quanto ao fecho dos tribunais só me pergunto : "que percebem os senhores da troika da tradição dos municípios portugueses que incluía o poder de aplicar a justiça ? "Nada !!Alguns nem nunca devem ter posto os pés em Portugal quanto mais saber que alguns desses concelhos são anteriores à nacionalidade...Apesar de a minha terra se ter "safo" dessa extinção judicial , tal não quer dizer que não me doa pelos outros . Que diabo !! é o meu país e , ver uns quantos babacas a extingui-lo lentamente , dói-me ...e muito
Ab.